Critica ao idealismo defendido por Bernardo Kastrup (I think Bernardo can speak portuguese)
O Bernardo é uma mente brilhante, muito inteligente, muito preparado, que eu admiro, e tenho acompanhado, com gosto, através da Internet.
Eu vou chamar alma ao ser consciente, subjetivo, individual, que cada um está a experimentar ser, por razões práticas de exposição. Para mim isso é uma evidência (que me experimento dessa forma), embora possa ser uma ilusão, mas a experiência, para mim, para já, é mais real do que a versão ilusão.
Numa EQM, sob o efeito de drogas, de hipnose, ou em outros estados modificados, em relação ao mais comum, pode parecer diferente. Mas normalmente não. Tem a certeza que há estados em que experimenta ser só Deus – dissolução total? De certeza que não foi a mente, que habitualmente experimenta ser o Bernardo, que estava a experimentar a experiência psicadélica? A experiência excecional rápida deve ser tomada como uma evidência maior do que experiência do dia a dia, porquê?
O modelo da realidade que o Bernardo apresenta, nada parece trazer de vantagem em relação ao fisicalismo-materialista, porque nos apresenta uma perspetiva de aniquilamento total. É parecido com o fisicalismo-materialista. De nada adianta ao homem pensar assim, é um jogo mental inútil para a humanidade. Só para os que gostam de jogar jogos mentais serve.
Apresenta-nos Deus como aquele que vive a experiência mental a que chamamos universo, incluindo os nossos corpos. Será que Deus (aquele que sofre o processo dissociativo) partilha a experiência de ser cada um dos alter egos? Nada me diz que sou um “alter”, não há evidências reais disso. Porquê pensar isso? É apenas para resolver o problema do dualismo cartesiano, ou para não o transformar em dualismo Deus-almas?
O alter é o contrário. Muitas mentes para um corpo. E não muitos corpos para uma mente. Sei que é uma imagem alegórica, mas ainda assim… Na sua tese, o corpo não é uma representação mental do alter, mas de Deus. E desenvolve-se por via da evolução, como é descrito pelas hipóteses cientificas atuais. E a fecundação do óvulo precede o alter? Ou o alter precede a fecundação?
Repare que você pensa como os fisicalistas-materialistas. A inteligência que você tão bem demonstra, em si, e a memória, é devida à evolução biológica, ou seja, ao cérebro. Se o cérebro é capaz disso, porque não será capaz de produzir a consciência, também devido à evolução?
A evolução do universo não é intencional, é um sonho descontrolado de Deus. Que aleatoriamente chegou até à formação do seu corpo. Porque Deus é só uma consciência fenomenal, sem inteligência, sem memória, segundo diz.
Por ação da máquina que é o universo, um óvulo foi fecundado há uma dissociação simultânea em Deus, ou um dos fenómenos precede o outro?
A sua tese não explica porque é que as leis que descrevem o universo, e que a ciência deteta existem. Ou acha que o universo é um processo aleatório, sem ordem, na mente de Deus? Acha que as leis do universo e a evolução do universo, em si, não são resultado
processo mental intencional e inteligente? O seu cérebro é mais inteligente do que Deus?
Obrigado pela atenção